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Crise aumenta preço de seguro de carro
Número de furtos e colisões cresceu na comparação com 2008; preços de autopeças também subiram com a crise no setor automotivo
TONI SCIARRETTA
No auge da expansão da economia, no ano passado, as principais seguradoras do  país disputavam novos e antigos clientes por meio de redução de preços,  especialmente no setor de veículos. Passado o período de bonança, a conta chegou  e agora essas mesmas empresas buscam recuperar margens de ganho para equilibrar  suas reservas e se manterem solventes.
Para o consumidor, o resultado foi um  aumento médio de 8% a 10% nos preços das apólices de seguros de veículos em São  Paulo, em relação ao ano passado, segundo o Sincor-SP (Sindicato dos Corretores  de Seguros). O aumento é o primeiro que ocorre após quatro anos de redução nos  preços.
Os valores dos prêmios pagos às seguradoras não são controlados no  país. Segundo a Susep (Superintendência de Seguros Privados), reguladora do  setor, os prêmios arrecadados no ano até maio somaram R$ 6,57 bilhões -valor  9,65% maior do que no mesmo período do ano passado, sem excluir efeitos da  entrada e da saída de apólices.
Quando o consumidor renova o seguro de um  carro, a tendência é ter sempre o valor reduzido por conta da desvalorização do  veículo segurado, além de desconto concedido ao cliente que não teve  sinistro.
Neste ano, além do esforço para recuperar margens, as seguradoras  enfrentam ainda um pequeno aumento na sinistralidade (colisão e roubo) em  relação ao ano passado. Segundo a Susep, de cada R$ 100 arrecadados, R$ 67 iam  para cobertura de sinistros em maio, data do levantamento mais recente; no mesmo  mês de 2008, eram R$ 65. O setor trabalha historicamente com 70% dos prêmios  direcionados aos sinistros.
Sem peças
As seguradoras  afirmam que algumas peças de reposição desapareceram do mercado e que os preços  estão bem maiores que os do ano passado, uma vez que muitas dessas empresas  reduziram o volume produzido devido à crise.
Segundo Antonio Penteado  Mendonça, especialista em seguros da FIA (Fundação Instituto de Administração),  houve uma "carnificina" entre as seguradoras para abocanhar mercado no ano  passado, enquanto a economia ia bem e as empresas conseguiam compensar as perdas  de margem com ganhos em aplicações financeiras. Com a redução dos juros básicos  para 8,75%, esses ganhos ficaram mais difíceis.
Para Mendonça, poucas  seguradoras ganharam dinheiro com automóveis em 2008. "Neste ano a conta não  fecha de jeito nenhum. A única forma é subir o preço do seguro. Mas não há  espaço para subir tanto. Quem faz isso sai do mercado."
Com a queda na taxa  dos juros, "todas as seguradoras vão precisar ter lucro industrial e não  financeiro. Isso pode aumentar o seguro? Pode. Mas pode chegar a 20%? Não creio.  Não há espaço para esses aumentos", diz Leôncio Arruda, presidente do  Sincor-SP.
Segundo Mendonça, da FIA, o consumidor deve procurar um corretor  de seguros que trabalhe com diferentes empresas. "Quem fica na mão do gerente do  banco tem um grande risco de sair perdendo", diz.
O diretor da Susep,  Alexandre Penner, nega que os reguladores pressionem as seguradoras, apesar de  darem atenção para eventuais abusos nos contratos. "A Susep intervém mais na  parte técnica -solvência e controles internos. A gente não se preocupa muito com  preço, em particular do automóvel, porque há concorrência. O preço e o universo  de opções que o segurado tem são grandes."







